domingo, 18 de setembro de 2016

Onde há.





o que se pode ter pra vida é existência
o que se pode é tudo , e tudo é tão ..
e tudo é tão... tão que falta-me ar.
falta-me a definição...

o tempo bate a janela, junto ao vento:
quando dar-se em conta, é súbito
furacão desfeito.

o destino rói o pé da cama,
onde repousa a flama
da alma ama.

o ser é pedaço daquilo que não é.
daquilo que não se põe em pé
ante o inté.

e os versos, falsos
 se uteis.
hão de fúteis se não calçam
as coisas inúteis.

e a vida ,  orgasmo,
 gritos,  sorriso,
tudo que é intenso,
 que passa impreciso,
e acaba sem ter um fim

é tudo tão, é tudo tão... que dói deixar-se a espera do enfim.

Espanto e transição 



é domingo
e há flores no asfalto,
há flores nos galhos.
há flores
em um domingo

o silencio e seu respingo
frio, despertam-me .
é domingo!
há flores no asfalto
como pedras no caminho.

e o vento uiva,
caem as flores
intacta no asfalto.
alto fiquei a olhar pro chão.
há flores no asfalto..
há flores no asfalto!
que solidão.

é domingo.
há flores despedindo-se
dos galhos
como filho em rumação
mas sozinho
só fito as do chão.

sábado, 10 de setembro de 2016

Vultos no quarto

É olhar-te no plenilúnio , despejados sobre teu corpo
Os olhos meus , delineando a moldura languida que viça
Em ti, e vagamente beijando-a . Avido o véu rompo,

E a lua enche-se , enquanto o momento eriça
A magia dos corpos, agora, feras
Em unhas, uivos, mordidas e o olhar que atiça

Os arrepios da transformação, e de quem eras
Esquecer, e florescer dois em um outro ser.
Já não habitam nos lençóis convulsas quimeras!

Eis então que a lua cai , e junto se vai o crescer
De nossos vícios, e dando ver toda dispersa 
A magia , o feitiço, o calor se distender

Ao silêncio , preludio dessa conversa
Eclipsada ,dando-nos o desconhecer,
Enquanto partindo, calada, a porta nos atravessa. ]


T.V.Veiga