quinta-feira, 28 de julho de 2016

Uníssono


Disstenços cada qual em sua cama
De tenção igual no vibrar que ama;
Intervalos de vida, melodia que clama,
Arranjos do dia, harmonia da chama
À justa rosa dos apaixonados
Num tom de sonhados.

domingo, 24 de julho de 2016

FILO?


quanto tempo se tem para perder 
quando se vê o quanto que escorre,
o desejo de querer estender
a vontade do tempo que vive e morre,

sem ao menos existir,
sem ao menos partir,

ente que  se esvai 
na eterna imprecisão 
da folha ao vento ,
ser que se vai 
na acidente indecisão
do momento?

corpo oco que se molda sem matéria
na forma em potencia de ação contraditória...

não me importa que passe
e sim sua origem etérea
ou que casse
a beleza aérea
da aporia .


T.V.V

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Já Nublou Aquele Dia


acordei de manhã
e num despreguiçar profundo o vi 
nu ante a mim ,
sem deformações , encoberto...
não tive espanto por esse alvo céu 
encobrir o azul .

com o café a mesa, e num respiro
profundo sem suspirar 
vi que o cinza de teu nublado céu
é o que faz a questão brilhar
sem a procura de resposta

"cada aurora em seu horizonte"
mesmo em dias anuviados ,
cada qual destino  em teu monte 
de caminhos desviados,

olho pro céu , e suspiro
profundo ,
sem por o querer do algo mais ,
sem desfazer o cinza e a paz
da sina efêmera vivaz
que houve no nosso mundo 

hoje olho pro céu...
e a saudade vai tenaz
pro fundo.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Mais que vivo



                                                                                                                            "Um galo sozinho não tece uma manhã: 
                                                                                                                              ele precisará sempre de outros galos. "

                                                                                                             João Cabral de Melo Neto



Mesmo se no berro soar minha existência,
E o pescoço dilatar uma veia de eloquência 
No grito,
Mesmo se na garganta manifestar uma ópera
Uma ária,
Entonando frequente o meu pulsar,
Nada valera ...
Mesmo se abrirem meu coração,
Mesmo se eu der sangue na grafia dos meus versos
Sera em vão...
Se não ouvirem, 
Sera em vão se  não tocarem 
O Tu , o Vós , o Eles
Se não os alcançarem...

E serei só, um galo de João Cabral,
Cantando a dor de não conseguir tecer a manhã 

Porque é nos outros que existo
pois enquanto no tempo morro,
é na saudade que vivo.

Roupagem


Quero que me estenda o sorriso,
Para que eu estenda a gargalhada,
E que no cordel fique estendido 
As vestes dos tempos perdidos
Nas alegrias , nos momentos 
De prazer úmidos, que nem pelos ventos
Eram secos.

Quero que no seu quintal,
Pregado no varal,
Esteja o pequeno lençol da lembrança,
Um suvenir, paixão de criança
Que tem a sorte de não crescer ,
E  continuar puro,  perfeito.

Quero os retalhos, as gastas meias,
As belas , remendadas e as feias,
Quero todas as vestes dependuradas,
Para que eu estenda a beleza
De nossas memorias  passadas.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Adrenalina

Só quero o frenesi da vida, cortando,
Rasgando o tecido fraco, 
Desfiando as fantasias trites.
Só quero o que persiste,
O sorriso de giz 
Preenchendo o quadro negro , 
Festim enquanto dura.
Quero que escorra de minhas veias
Cortadas pelos inalcançáveis desejo,
O sumo doce do acreditar,
Do insistir. quero expellir
A euforia, mostrar ao sol
Que hoje é o dia que não
Preciso de teus raio pra
Brilhar!
Quero o momento, a pele 
Em atrito ao que faz vivo , ao prazer,
Quero viver! sem vacilar.
Quero que perdure a mudança 
Pois sou humano contraditório
E o novo é o reflexo do começar.
Quero o livro encharcado
A tela em pinceladas vivas,
A musica com cascatas de chorar,
Quero tudo,
A verdade , a sabedoria e a ignorância para
Esquecer a dor da sina e seu absurdo , 
Quero a virtude da filosofia, 
Que ama , que quer, 
Mesmo sabendo que não consiga.
Quero o impossível!! 

T.V.V

terça-feira, 12 de julho de 2016

Paixão Cadente 



Ali esta no céu estanho
Emaranhado com meu sonho,
Uma nebulosa purpura
Que recebo de teu olhar.
Sem mapa astral ou astronomia,
Sem a exatidão que desfia
O encanto . há no teu universo
A estrela mais pura,
Manto fantasioso que deixa submerso
Meus olhos , curiosos neste brilhar.

Mas no céu  efêmero
Esta tão perto e tão distante,
E o brilho cadente,  pulsante,
Pode ser de tal que não vem  mais iluminar.

Estrela! pode estar morta,
Ou ser ilusão de minha verdade.
Pode ser loucura , miragem
difusa imagem.  
Mas... me lembro dos teus olhos,
E quão verdadeiros estão
Na constelação da saudade.

T.V.V

 Hipocondríaca do Desespero 


Me deem ar... dei- me ar,
Mas ... dei-me ar , mas estou...
dei-me ... por favo,
Estou sufocado,
Estou abafado, preciso...
Pre...respirar !
Dai-me puro ar, dai...mon... , montila
Para rum..rumar .
Estou sóbrio, não con... sigo respir..arrr!!!

Dei-me ar, mas
Ainda tem o sufocar.
Tem a... falta,
Que faz meu peito se impressionar,

Tem o moinho
Espiral de vertigem no pulmão,
Que em corrente de desejo,
Fura...furacão.

Deem-me os ventos,
As bebidas , as mazelas ,
Um tufão de expirar... , ação
De sequelas do mar
Que me banho. Estranho,
Vou-me afo..gar! dei-me ar,
Entre correntes do mundo
Que aspiro,sem suspiro , sem pausa.

Dei-me ar , mas quando
No oxigênio ,à vida,
Darei-me o respirar.

Dare air.

T.V.V


sábado, 9 de julho de 2016

Nova Geração


perdi minhas digitais
chamuscadas pelo calor do momento
dos ideais.
feito de chamas intensas
escondida na despensa
em faíscas  ancestrais.

cada ser um homem próprio, isento
do domínio da natureza que lhe faz,
hoje espreguiçam-se na minha presença
perecíveis figuras atemporais,
surgindo na despensa de faíscas ancestrais

com lamentos imutáveis , de formas
desiguais,
são incalculáveis aporias,
      Meu dedo ardia
nas chamas primordiais.
  Perdi minhas digitais...

nas chamas dos ancestrais
queimaram-se a porta do delírio fugaz,
a cadeira erma que traz
a curvatura dos seres atrás

perdi minhas digitais.

T.V.V


quinta-feira, 7 de julho de 2016

MUSA


Tu és tão minha
E ao mesmo nada,
Tão sozinha,
Tão calada.

Tão desperta , transparente.
Tão secreta , abrangente.

Mas teu beijo possuo 
Em sonhos reais, tua presença
De sussurros surreais,
Sentenças que diluo.

Tão voluptuosa , corada.
Tão charmosa, florada.

Mas o que tu és se não minha?
Pois ninguém vê como a vejo 
O que tu és se não minha.
Meu leito no fraquejo.

Tão distante , idade.
Tão cortante, saudade

Digo , omito que te tenho,
És filha do que mais provenho!
Tal cipreste , ninguém nunca obtinha
Não te possuo, mas tu és tão minha!

T.V.V

Telescópio


Deslocado!

Meu corpo esta deslocado         n'alma 
Em contra-polos, ondulante na linha
Finita do horizonte inventado , sobre o mapa 
Cartográfico , latifúndios despossados
Que tanto faço dono , que tanto faço minha,
A natureza desse espaço natural 
Que não me pertence , enquanto sou parte.

A geografia de meu estado é de ária árida:
Cantos secos de extremos 
Desertos , ermos serenos torrentes.

Na rota,
Não sigo os pontos cardeais purpurados,
Ou o óctuplo da nau nobre.
Sigo a viajem torpe , com a bussola 
Sem ponteiro , movida a forças magnéticas
De um pulsar ... 
                     
                           No meu céu , 
Infinito ,cheio de querer ,
Inquieto , e estrelado,
constelações são mapas que      querem 
ser deslocados.

T.V.V