segunda-feira, 9 de maio de 2016

restaurante


há na mesa taças
vazias e estriadas de limiar quebranto,
cheias de volúpias e farsas,
transbordantes em hibris à quebrar o tanto.
medianas e pacatas que disfarça.
com o timbre de cristal e canto.
Há nesta mesa , taças de avareza,
que minh'alma sorve alguma pureza.

Há a conta do meu corpo,
o preço de sua servidão
a caneta ditando um valor morto
para algo sem menção
colunas de pratos natimortos
para sua digestão
consciência tostada revestida em lodo
acompanhada de velho vinho engodo

há na mesa tuas posturas
o eriçado dorso da idiocrasia
mão de formosuras
regendo a faca da azia
cortando com fervura
o alimento que fazia
tua carne ter gosto do real,
de saber que as coisas sã são alem-material

há ornamentos, floral , requintes que pelejam
o contraste dos grãos
dizendo-vejam;
olha quanta difamação,
ter tudo isso que nos almejam
e ali arros e feijão.
Há um restaurante de sucesso.
deslumbrante , confiante ,cinco estrelas de ordem e progresso.

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