quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A espera



é fim de ano , 
e na sala espero , 
passa a retrospectiva 
e eu sou conviva.

os ais perdidos , 
despidos nas agonias , 
sorrisos como abrigos 
em amizades dos dias, 
o céu do mais azul 
ao mais cinza , 
uma pele de morena do sul , 
e o desejo que não alcança.
a esperança em lambada, 
o desgosto em valsa, 
o peito em cantata , 
a fé em salsa, 
as danças , as danças 

e quita os tormentos, 
pavores e quimeras, 
esfinges em remelas 
turvadas nos olhos 
do amanhecer , 

e quita os isentos , 
momentos e instantes, 
gozos de amantes 
o vicio e o prazer...

ai , é fim de ano , outro virá 
mas o quanto ira apetecer ?
não sei , mas eis a beleza da vida , 
uma espiral que se renova , 
no mesmo ponto de partida.
sem por quê
T.V.V

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Quando o sentido discorre 


dos versos abaixo , não culpe se cansar os olhos,
nem se o faço de muita emoção ,
 hoje estou cansado de comedir,
quero que escorra em mãos como um
épico desleixado , sendo aqui o cavaleiro
desvairado , boêmio, um byrom , aquele
ser mundano que de nada tem de herói ,
de nada tem em ser meio humano
ou meio divino , o que se tem é o demais,
o metron, híbris , a ganancia , o gozo , a fúria,
o extremo , a ebriedade de aqui estar...
não sangra nenhum papel , nem os dedos
que os preenche , não cai aqui nem gota
de lagrimas, pois ja não sonho com tempos de outrora,
não desejo hoje escrever em tinteiro
sob o lampião do campo em luar.
aceito-te era, hera, quimera, e as demais criaturas
seja a devassa ou donzela...
a madrugada esfria , e nenhuma dama me espera,
e o céu se banha sem luar,
a rua é fria , oca e opaca, negra nos becos
onde os namorados não fazem romance, se enrolam,
perversos , maliciosos...
não há uivo , nem vampiros, morreram a tempos
sem sangue inocente para que os alimente,
pois os pudores ingênuos ja sairam de casa...
esta tudo tão mudado  aos escritos,
que nem sei se sou ficção ,
personagem ...me chamaram de ser  depressivo,
horrendo , morto vivo , pois
quando vi mariposas sob lampadas chamei-as;' bestas!!
criaturas de naturezas absurdas,
que procuram a luz, o inalcansável ,
sendo que há escuridão de sobra para se viver.'
não é moribundo ideal , e sim racional,
qual seria privar a mão de mefistófeles , se no fim
morrerá em luz, ou treva ,mas morrerá.
quando dizem-me carpe die ,
eu colho até as mangas larvadas, amassadas, e bicadas,
colho ... vejo... como...um dia , vivo e morro a cada momento.
ai...ai...!

onde encontro a trombeta do sétimo descanso?
por qual estou  para aprender?
sentir , coisa de pele ,
só que mais adentro , alma , espirito , carmas , energia , não sei ,
sentir, estética desvaria do sentimento que procura o belo
no mundo horrendo .
ja nem sei se sinto mais , 
ja nem tenho em meios meus ais,
o que sei é que vejo uma vênus convulsa e descabelada, 
e que minha pena escreve sem pena 
o desejo de corromper a mais bela Athena.

T.V.V

sala em monodia 


canta um sopro na flácida carne,
e clama a alma para que tal
erre os músculos,  acertando o nervo ,
para que pulse um algo , talvez
um que , de onde se procura um mais,
pois além de um silencio sem por que .
entona na sala a canção muda...
e o tempo passa absoluto,
sem olhar pra traz ,
nem se quer um adeus ,
e as lembranças se afogam nos meus;
abafados cantos entoados em mim...

ai! rasga algo em minha voz ,
algo atroz e algoz em desejo,
pois na sesta não mato o tempo,
almejo um jazigo para a indolência
que se acomoda no peito ,
mais gorda que um tormento em leito.

T.V.V

passando


Eis um mistério pequeno, 
Um encanto que as circunda ,
Relvinhas nos pés infantes.
Olhos pequenos , brilhantes,
Vendo como a vida afunda
Em possa feita d' sereno...

Brinca , dentre o quintal  viver, o curumim, 
E ai de mim impor fim 
Nessa alta
Ciranda 
Onde a vida canta o efêmero .

T.V.V



quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Filhas de Mata Hari

flor minha que voou , 
onde repousa tuas pétalas?
terá dado mais polem 
ao jardineiro que te ganhou ?

dama minha que foges, 
onde terá se repousado,
terá um castelo só teu 
pelo cavaleiro que a tenha salvado?

ó femme fatale , quem te pinta que te cale 
os lábios de mais apaixonante emblema , 
escudo trágico 
qual ares amou helena.

se mordes a maçã dando piscadela , 
fazendo delirar bentinho sob tua quimera, 
mulher, casa que Odisseu espera, 
é algo divino ou fera?

e meu olhos voltados aos teu seios, 
e meu corpo em desejo de penetrar seus meios, 
e o mundo não existindo 
pois volto-me a ti!! ...

enquanto tão longe tu danças 
onde meu ser não alcança ,
enquanto o tempo se posiciona 
fuzilando a esperança.

T.vV
ventania , ventanias ,
passas sobres cabelos das vias, 
passas ali com as maresias , 
passas , mesmo se tardias , 
trás lembranças que mais jazias , 
refrescos de esperanças vazias 
desmanchando as flores das elegias
o qual perfume nutrias.

ventania, ventanias
vai deitando os capins das agonias
com o vendaval da existência e aporias, 
com as entaladas sinas que fias, 
como vento beijando floras que partias, 
como bóreas em ciumento bem de alegrias,

ventania , ventanias , 
qual zumbidos tu dizias 
que merindilogum sabias,
logo ,quem fazias
terá suas estrias 
num ensejo que enfias 
clemencia a quem muito arredias?

ventania, ventanias
quem é que te crias ,
como espelho meu 
nada mais que passagem de tormentos e aprazias ? 

T.v.V

Do natural: efêmero.


olhos à janelas, 
as faces mais róseas que de donzelas 
sonham um futuro, 
mas eis que passam pelo túnel escuro:

a paisagem diante passa como simbolo
de que viagem é hora
de tempo que flora 
na existente passagem desses passageiros.

o pitoresco horizonte se estende como o infinito
é quase religião , um rito,
olhar pra ele e se encontrar desfeito.

a vida , raro efeito
de passagem.
 nada mais que miragem ao leito.

T.V.V

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Da Vida ;olhos silenos 



Olho-te , mas teu propósito irradia
Algo mais do visto , um virá que tardia.
Olho-te  apaixonado, e quem dera da consciência clemência
Ao meu estado, que a tal já fardado a displicência.

Olho-te aqui decapitado , ao teu olhar de Judite em tela,
A flor sublime, fatale e bela, que me segura sobre mãos,
E num absurdo , eu, a caveira lhe questiono a vida,vãos,
Sentidos de Hamlet à esfinge pavorosa e singela.

Olho-te sobre o labor de teu seio de mênades loucas,
lambamba de ti e suas canções de sereias moucas.
pondo meu colo inclinado a tua ninfa forma aguda ,
E mesmo sem porquê, nega-la , seria coisa absurda.

Olho-te apenas, casmurro, por sentir-te demais o mistério,

Pela heráldica hipérbole emoção à foice, abismo etéreo.

T.V.V

domingo, 27 de novembro de 2016

Da Musa a Consciência; minha eterna virgem deflorada



famintas mãos aos seios, 
as curvas , os meios, 
aos gozos do encoberto , 
a excitação do desperto.

andavas toda sob panos de ordeiros desejos,
  hoje rasga-se tudo em oblíquos pejos.
lábios mordidos pela a boca da fome
   de provar o calor que não se consome.

e vai se a curva efêmera da eternidade não linear
 de teu quadril nas mãos ,onde abaixo irei sondar, 
         como um peregrino em sorte ou azar, procuro, 
e eis que na sua forma encontro o ouro mais puro,

e quando dentro de ti  sentir a chama
queimar em transe de prazeroso rogo,
"quero louvar o vivente
   que aspira à morte no fogo"

assim atar no meio , de ti , de mim 
  no leito de um serafim 
  e seis vezes irmos aos céus sem pena, 
consumando um amor ignoto sob a carne poema.

T.V.V




ÀS POSTAGENS.


você
pergunta de identidade
ao outro , a si
não importa quem é de verdade.

quem é você que sorri
sorriso ali na tela
tem face bela
um belo suvenir?

quem é você que da as costa
para vivencia que não se posta
no feed , ou seja la o que for,
quem é você neste pudor 

de pretexto de boa vida,
auto ajuda ambulante
que esta sóbrio sempre,
sempre feliz,
tudo o condiz,
quem é você atras dessa imagem
que gargalha miragem
de atitude confiante?

chora, sangra, terá cara curva?
terá alguma quimera , fantasma?
 encontrou a felicidade
            a verdade é a imagem
                        é o angulo, e você é o ser
                                              que só existe em posições ?

T.V.V

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Próxima estação. . . 


eia o trem , nosso quem , 
indefinido no interior 
ó que horror esse filme 
repetido no trilho da dor de cada estação , 
choramos quietos e prensados , 
enlatados , atados e desatinados 
nossos sonhos seguem , 
aqui procedem e vem ,
quem , somos nós
zumbis após, após, após ...
atônitos e desamparados, 
choramos quietos e prensados
o estribilho do dia a dia , 
uma elegia trágica de falsa catarse,
queremos tanto , que já não 
entendemos mais essa vontade, 
engolimos , ingerimos 
os silêncios de cada um, 
verdades , assim nos desconhecemos como estranhos. 
ai, ai , tamanhos horrores , ja se foi amores 
pudores , senhores a cada estação , 
a próxima é minha, 
mas qual sera a certeza de que não cairei no vão 
da consciência ?

T.V.V

Co'sumo

                                                                                                          para (Ronaldo veiga)


flutuas
flutuas com tanto impeto
la no alem teto
tão longínquo
quando dará por terra?
é muito bom afagar a fera?
teu erro não rasteja nem berra?
é divino , totalmente
o escultor da curva precisa
quem me formastes enquanto não dava por is
enquanto se via ébrio por não resistir
sóbrio o que te agoniza.
é divino , ou covarde?
é alarde, e a honra que te dou
lhe dou o mérito
, a escultura que tarde
se importou hoje lhe mostra o inquérito
honraria mina curvar a ti  a pena , o sangue , o turvo
tu me ensinaste a errar escultor,
a martelar o dedo tanta vezes,
a romper o membro com a dor
da figura que cria.
teu espelho ,
que aprendi que prefiro unidos enterros
do que exaltados erros.

voas fariseu
e la importe uma demanda
a Deus.


T.V.Veiga

   outro lugar


         é azul , imenso
                   como aquarela escorrendo la no fundo
onde não se acaba o mundo
voamos, distenso
este olhar querendo se deitar
na grandeza das ondas ,
que as idéias , pensamentos , sondas
mescladas no afogar
dessa beleza praieira
as curvas , os risos,
os encaracolados , os lisos
cabelos sobre as peles
pirangas, brancas , mulatas
juntos  nos reveles
as areias , os sons das sereias
nas conchas em cânticos de notas , natas
da união de um lugar
banha a areia o pé ferido,
o mar, e sua mãe dar-nos abrigo
e damos a nadar no azul
como se fosse voar , nesse sul
duma cidade de ódio escorrido
hoje somos, amigo,
seres diluídos na harmonia
das águas nas mãos da criança que rir.
hoje somos inocência em suas praias ,vir,
que nossa por direito fazemos bom proveito
mesmo de não tela,
louvemos o mar sem ressaca,
a brandura que nos traz ,
mas não esqueçamos , o dia vai
com as ondas , não ei de esquecer que sou de longe,
onde o mar não se encontra.

T.V.V 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016


Pandolo Esturporado


e quando alem dos olhos
da pupila e seus brilhos
no imaginar , alcançar
os desejos; em arpejos
como dedos teu corpo tocar

quando consumar meu rosto
ao teu pescoço , a sentir
a essência que da pele evapora
perfume de uma pele que flora,

quando eu descobrir que a lembrança
é fardo e dadiva , quando eu trancar a esperança
após abrir o teu bau misterioso de tormentos

o que me restará é a memória de Epimeteu,
criança velha que sofreu com sua inocência
à dama com voz doce.

hoje , maduro , lembro quando fui humano,
errei , erramos, pois nos aliamos com o presente
e o abrimos sem por que.

hoje, tenho consciência , sou angustiado
com dor no mundo, e amor trancado
no bau de pandora ,
no fundo...escuro,
cego tateio esperança.

T.V.V

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Enquanto há lua não se dá o homem



Queira nós o corte 
Brando , que a queda 
No que medra não rale, 
Que digamos no leito o luar 

Queira jaci me banhar 
E transformar eu na besta,
Faminta por inocência , 
E no desejo em clemencia saciar da carne , 

Queira o urro e o bramir ecoar, 
Lobo , homem , duas feras consumidas 
Pelo encanto , afogadas no  lago prateado 
De densa bruma , latente refação 

Queira essa magia alucinar 
Minha dor existente , me embriagar,
Enquanto a onça não devorar 
A dama Jaciara.

T.V.V

Pós Caixotes


O corpo e o mar 
Respeito é o que ensina 
O corpo a passar sob onda

Sem voltar...

Respeite a crina 
Das vagas na vida ,
E siga no oceano a sond

T.V.V

sábado, 29 de outubro de 2016

Nascente


                                                                                                    ( aos que se banham no Rio )

olhai a vida , e o mundo
o mendigo de óculos de sol
sorri, elevando as mãos
por receber nada .

 o vira lata espoem sua clareza
 no outro lambendo sua ferida.

um festim abaixo do viaduto
roupas desprezadas
fazem festas em corpos
estranhamente  matutos

olhai aqui, alem das praias
é carnaval de quarta-feira todo dia ,

é batuque em solo quente
com a sola do pé rente
desgastada , poida ,
mas mantendo o compasso na avenida.

olhai a vida , olhai a cidade ,
e veraneie também na água escondia desse rio.
de verdade.

T.V.V

Barrocada do Negreiro .




Quando o sol se pôs 
O que acontecera depôs 
Na face 

Que se casse 
O brilho do arrebol
O furor prol,

Desbotando, dando tapa
A cara...

Iara 
Afagou o mapa
Com o beijo melifluo,
E sem rota.recuo. 
Todos  ficaram
No hermetismo, banharam 
A popa dos brados 
Nos remos pesado...

Sigam , sigam todos  ritmados
Peitos estufados
Rufados pelo o brilho do luar
Magico insuflar 
De velas perdidas nas madrugadas dos sóis

Nós , eles , eu 
Que aqui tanto canto o pranto
Me perco cada vez que vivo 
Muito mais esquivo 
Que os versos acima.
Tento achar na ilharga uma rima , 
Mas ja nem sei se existem mais !

Que me mudem nos versos brancos , 
Mas a cor do tinteiro , jamais.


T.V.V

 .


sábado, 22 de outubro de 2016

Aos passo do adeus 



E quando chegar o momento ,
teremos o lamento
Cansado?

Sentir teu corpo lento,
desatinado
sem estima , e ter só a fina
consciência de que nem a cafeina
Trará a emoção de estarmos vivos?

Imaginemos nós no salão,
prende-nos as vontades,
compassos binários das mocidades
olhos nossos atônitos aos vultos deslizantes no chão.
prende-nos as vontades,
compasso ternários das verdades
olhos nossos brandos, cada passo consequência, decisão.
até que se lastime a fadiga...
e a vontade , que nos instiga,
não der  mais explosão,
E cair-se o corpo no cansaço da observação

Imaginemos nós no salão...
à reminiscênte lembrança
dos suores , espasmos , da dança
de crianças convulsas
Juvenis que pulsas

Imaginemos nós, com as mãos
darmos tremulosos , um ao outro
vendo tudo jazir
e triste um ao outro sorrir ,
languido e languido
quando dermos o despedir

Uma mão nos oferecer a ultima dança.

T.V.V


A febre ja vem corra!
que para se manter um futuro ,
para um pobre sair do apuro 
é preciso que a febre corra.
ela que se junta aos gastos da alma 
do fruto da palma 
que estende pedindo ensejo 
a arvore do acaso , 

Ela que impaciente coça 
e pula para arrancar do pé do destino 
a oportunidade 

Pois... tantos de joelhos , espalmados
ali ficam , e nada mais ,
esqueletos atemporais 
que assustam os que buscam ...

Ei la aqui , a febre,
o quebranto do metron.
alcançar...

Pois " a pobreza e a miséria faz o artista"

T.V.V

terça-feira, 18 de outubro de 2016

                          estou engalfinhado nas tranças
                                 do kairos descabelado.
                            sera este o monge da esperança
                           do qual manoel teria encontrado?
       
                                            as ruinas!
                               queria também construi-las,
                             , pois assim entenderia o sabor
                        da calma que os velhos contemplam
                                 na tragédia , nas fraturas.
                               assim sondaria um sentido
                    para não sofrer espasmos tal  como as colunas
                           que construí no templo da vida,
                                       ruinas memórias ,
                             que botaram minhas sibilinas
                                  e suas histórias a baixo.

                                 construi-las traria o efeito
                                           da cartar-se .
                                   tudo se ganha na perda
                            tudo se explica na desconstrução
                             no primordio, naquilo que se vai
                                    como a reminescencia

                                  mas olhai...           pra   mim
                                manoel ,            olhai    monge
                sou                                              ainda   jovem
                              com aspiração de arquiteto
                                     com a pulsão do arranha céu
                                                aranha-lo no impeto de que se quebre
                                                     e que eu consiga ornamentar a abobada celeste
e de sua nave                                                                                                              o       infinito
                              com louros da ruptura
                                                                           romper.


                                  olhai-me , pois ainda não aprendi
                                   a reconhecer o buraco da tapera
                                            o quão é necessário
                                     perdoe-me manoel , sou jovem
                                     inclino-me ao quarto da paixão
                                             la no ultimo andar,
                            e ingenuamente confio que ele não desabe,
                                      ainda não decifrei tua planta
                                     onde o amor renasça na ruina
                           ainda não sou arquiteto , como o teu olhar
                                        e a plenitude de tue monge.
                                          só construos palavras
                                     falta-me aprender a destituir
                                         a destinar que elas são
                                             para o que habita.
                                              e sair da projeção
                                                    do ainda

Para o algo que não sei...


a dor que fulgura é o que não se sente,
com o tempo, que o tempo mofa 
as tenras carnes que me suportam
e se esvaindo os espasmos que a mocidade
trazia, e se acalmando a euforia, 
e tudo correndo tão calmo
como rios secando.

a dor que fulgura é o que não sente
minha besta juventude desejar asas
das quais nunca terá , e assim gastar
sangue e suor, e não perceber que se as tens 
voarás bens , mas até quando?

a dor que fulgura é entender que o cansaço 
se faz mais que a morte, 
que o corpo se distende sobre a alma 
e a alma sobre o corpo, 
e o teatro da tragédia se completa
duas coisas abraçadas, 
no palco da existencia, afagando 
cada qual inclinado 
no cansar à luta sem fim 

ai de mim não sentir essa dor que não sinto,
tanto dói quanto mata esse absinto
de angustia sem fim .

cavo fundo 
cavo
cavo

como a filosofia, como a vida
amo-te e tu parte algum dia ,
seja mãe , avó , pai madrinha
seja a amada minha
que nunca foi.

dói tanto essa dor que não se sente, 
como repelente aos mosquitos que vivem, 
e se matam de vida, com tanto sangue
tanta fartura existida.

não estou vivo como amante no sabor do calor desejado
nem morto como as insólitas criaturas do trem 
ainda resta em mim um capim 
em tempestade de areia
um abismo
molhando tudo , 
mas tudo em  sua estranheza.

vivo , é o que importa
mas não basta , ainda viço a imaturidade, 
ainda não desfalecei-me na ignorância de me preocupar
com as coisas que fazem a desimportâncias
as sublimes coisas inúteis, 
as beleza de wilde.

ai dói-me esse espanto , 
mas o que me sara é ir contra 
o não sentir , pois quero sangrar , 
quero ver-me vivo , e dizer a cristo 
que sangro contigo por amar essa criação que sou 
um absurdo contraditório 
um demonio na pele de anjo 
um anjo em pele de demonio
o filho que berra quando o pai determina o futuro 
a escultura que medra o pavor no artista
de não saber por ande anda a forma.
aquilo que vive 

a dor que fulgura em mim é a dor de não sentir.
mas  ainda é dor , 
a velar para que a noite não venha.

T.V.V

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Força em montanhas





                                                                                                   "No meio do caminho tinha uma pedra
                                                      tinha uma pedra no meio do caminho
                                                                                tinha uma pedra no meio do caminho
                                                tinha uma pedra(...)"



Destino
caso do acaso, 
matrimonio com o 
arco iris, a aliança com o 
divino, o esconderijo
do pote de ouro
o mistério 

que surge la no céu, multi cores de caminho
sem pedra, só caminho, 
sozinho

e uma angustia
de saber que a pedra 
é o que medra
mas essa 
é o há
no

ser

de ter 
na pedra ,
um caminho
de grande absurdo
de um delicioso moinho
quando vem sisifo
haver na pedra
um caminho.


T.V.V

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Nervos distensos 




goteja 
     na estrada o sereno,
                 chuva virgem 
                          escorrendo na noite 
                                    da  madrugada 
                                           na cabeça calva do hiato.

-deixa
de  serenisse
menino
deixa. 
dê   logo

pé 
d'aguá.


mas gotejava
           eu e o tempo,
                   eu e o espaço, 
                           eu e o intervalo do dinâmico.
                                  serenou.... serenou.....
                                      mas pior é  saber
                                        que pode vir
                                         chuva quanto              
                                             desejo.
                                                   sol....


T.V.V

sábado, 1 de outubro de 2016

Cidadania Insólita


haai quem olhe a ginga
entre no passo gringa
nação no firmamento
do berço, lamento
o apreço do seu suor
sobre a mudança inativa
nativa dessa disritimia
de tempo e contra tempo
,
olha o gringo da cativa
dor que setencia
o cotovelo de rigor.
vai fazer o tatibitate
vai sambar o disparate
com cadencia e precisão
para sua nação.

T.V.V
e se morder o cachorro a mão
assim sem o porque, e lamber a ferida
lamber e lamber,
sera instinto?

viver!absinto ensolarado
de duvidas ,e iluminado
à respostas de poste
em noite fria. Quem te deu
esse é
verbo e martírio
em safra diluída
bebida perdida vertida
em gosto de sei la o que de delírio...

dirá aquele ali da esquina
que em vão não veio,
mas se no seu seio quente
de esperança
a vontade for inútil
"como uma gaiola numa terra onde não há aves"?
o que dirá desse colostro
néctar do monstro
que vive sob a cama
de um dia respirar?

o lixo , as fezes
o sorriso em prezes
o tato , o fato
o vento
o encanto
o quebranto de ranzinzas
o carnaval nas cinzas
e esse artigo estampado de que tudo é definido...

se perdido o que vinga as coisas que passam?

ah!.. olhai essa liberdade em descompasso
pois já não me ei dos pés

T.V.V

domingo, 18 de setembro de 2016

Onde há.





o que se pode ter pra vida é existência
o que se pode é tudo , e tudo é tão ..
e tudo é tão... tão que falta-me ar.
falta-me a definição...

o tempo bate a janela, junto ao vento:
quando dar-se em conta, é súbito
furacão desfeito.

o destino rói o pé da cama,
onde repousa a flama
da alma ama.

o ser é pedaço daquilo que não é.
daquilo que não se põe em pé
ante o inté.

e os versos, falsos
 se uteis.
hão de fúteis se não calçam
as coisas inúteis.

e a vida ,  orgasmo,
 gritos,  sorriso,
tudo que é intenso,
 que passa impreciso,
e acaba sem ter um fim

é tudo tão, é tudo tão... que dói deixar-se a espera do enfim.

Espanto e transição 



é domingo
e há flores no asfalto,
há flores nos galhos.
há flores
em um domingo

o silencio e seu respingo
frio, despertam-me .
é domingo!
há flores no asfalto
como pedras no caminho.

e o vento uiva,
caem as flores
intacta no asfalto.
alto fiquei a olhar pro chão.
há flores no asfalto..
há flores no asfalto!
que solidão.

é domingo.
há flores despedindo-se
dos galhos
como filho em rumação
mas sozinho
só fito as do chão.

sábado, 10 de setembro de 2016

Vultos no quarto

É olhar-te no plenilúnio , despejados sobre teu corpo
Os olhos meus , delineando a moldura languida que viça
Em ti, e vagamente beijando-a . Avido o véu rompo,

E a lua enche-se , enquanto o momento eriça
A magia dos corpos, agora, feras
Em unhas, uivos, mordidas e o olhar que atiça

Os arrepios da transformação, e de quem eras
Esquecer, e florescer dois em um outro ser.
Já não habitam nos lençóis convulsas quimeras!

Eis então que a lua cai , e junto se vai o crescer
De nossos vícios, e dando ver toda dispersa 
A magia , o feitiço, o calor se distender

Ao silêncio , preludio dessa conversa
Eclipsada ,dando-nos o desconhecer,
Enquanto partindo, calada, a porta nos atravessa. ]


T.V.Veiga

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

NOS OLHOS


Ainda a idade a de esperar
Tanto na ida quanto na partida
Tenho sempre não resolvida
Coisas que me fazem perdurar

O amor a vida.
E se em escarpa de lamentar
Escorrer sem eu me dar
O puz da minha ferida

Ainda permanesce
Meu olhos distantes
Cobiçando o infinito

Ainda ,enquanto a solidâo cresce
meus olhos de amantes
Desejam o existir, o grito.

T.v.veiga

sábado, 6 de agosto de 2016

TELECO- TECA DIA


"Cantando mando a Tristeza embora"
E sempre despercebido , em boa hora,
A boca em lábios desenhados do agora
Sorri enquanto emite à fúnebre flora
O sol das canções sobre o jasmim
E a relva seca do mundo se apavora
Quando dou por mim
Cantando ,
Enquanto a Tristeza chora
Batendo com felicidade no tamborim!


T.V.V

A TOCHA: noticiário sem vestes.




'Arde o fogo em cada um
E por fora , na pista , longa , o ergo
Em corrida á labareda,
Vou ávido'

Na tela uma bela caminhada
Na rua o choro , taciturna alvora.

- ao pé da letra esse fogo é só instante,
no rabo dos povoante.

Ao pé da letra, esse fogo é pulsante,
Como incêndio em mata escura

-mas...

Mas nunca vi labareda abundante
não queimar um coração ,
e o faze-lo contrair em desejo louco,
Nunca vi uma inflamação
fulminar tanto engodo.

-eles erguem a luminosa chama,
eu o cobertor que perdura
desfiados em temores das esquinas.

Eles erguem , mas e a sua chama?

-A minha chama  calada, no olvido deles
não ascende ao céu, fica em brasa,
e o que a alimente é a luta de não se apagar...

,

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Uníssono


Disstenços cada qual em sua cama
De tenção igual no vibrar que ama;
Intervalos de vida, melodia que clama,
Arranjos do dia, harmonia da chama
À justa rosa dos apaixonados
Num tom de sonhados.

domingo, 24 de julho de 2016

FILO?


quanto tempo se tem para perder 
quando se vê o quanto que escorre,
o desejo de querer estender
a vontade do tempo que vive e morre,

sem ao menos existir,
sem ao menos partir,

ente que  se esvai 
na eterna imprecisão 
da folha ao vento ,
ser que se vai 
na acidente indecisão
do momento?

corpo oco que se molda sem matéria
na forma em potencia de ação contraditória...

não me importa que passe
e sim sua origem etérea
ou que casse
a beleza aérea
da aporia .


T.V.V

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Já Nublou Aquele Dia


acordei de manhã
e num despreguiçar profundo o vi 
nu ante a mim ,
sem deformações , encoberto...
não tive espanto por esse alvo céu 
encobrir o azul .

com o café a mesa, e num respiro
profundo sem suspirar 
vi que o cinza de teu nublado céu
é o que faz a questão brilhar
sem a procura de resposta

"cada aurora em seu horizonte"
mesmo em dias anuviados ,
cada qual destino  em teu monte 
de caminhos desviados,

olho pro céu , e suspiro
profundo ,
sem por o querer do algo mais ,
sem desfazer o cinza e a paz
da sina efêmera vivaz
que houve no nosso mundo 

hoje olho pro céu...
e a saudade vai tenaz
pro fundo.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Mais que vivo



                                                                                                                            "Um galo sozinho não tece uma manhã: 
                                                                                                                              ele precisará sempre de outros galos. "

                                                                                                             João Cabral de Melo Neto



Mesmo se no berro soar minha existência,
E o pescoço dilatar uma veia de eloquência 
No grito,
Mesmo se na garganta manifestar uma ópera
Uma ária,
Entonando frequente o meu pulsar,
Nada valera ...
Mesmo se abrirem meu coração,
Mesmo se eu der sangue na grafia dos meus versos
Sera em vão...
Se não ouvirem, 
Sera em vão se  não tocarem 
O Tu , o Vós , o Eles
Se não os alcançarem...

E serei só, um galo de João Cabral,
Cantando a dor de não conseguir tecer a manhã 

Porque é nos outros que existo
pois enquanto no tempo morro,
é na saudade que vivo.

Roupagem


Quero que me estenda o sorriso,
Para que eu estenda a gargalhada,
E que no cordel fique estendido 
As vestes dos tempos perdidos
Nas alegrias , nos momentos 
De prazer úmidos, que nem pelos ventos
Eram secos.

Quero que no seu quintal,
Pregado no varal,
Esteja o pequeno lençol da lembrança,
Um suvenir, paixão de criança
Que tem a sorte de não crescer ,
E  continuar puro,  perfeito.

Quero os retalhos, as gastas meias,
As belas , remendadas e as feias,
Quero todas as vestes dependuradas,
Para que eu estenda a beleza
De nossas memorias  passadas.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Adrenalina

Só quero o frenesi da vida, cortando,
Rasgando o tecido fraco, 
Desfiando as fantasias trites.
Só quero o que persiste,
O sorriso de giz 
Preenchendo o quadro negro , 
Festim enquanto dura.
Quero que escorra de minhas veias
Cortadas pelos inalcançáveis desejo,
O sumo doce do acreditar,
Do insistir. quero expellir
A euforia, mostrar ao sol
Que hoje é o dia que não
Preciso de teus raio pra
Brilhar!
Quero o momento, a pele 
Em atrito ao que faz vivo , ao prazer,
Quero viver! sem vacilar.
Quero que perdure a mudança 
Pois sou humano contraditório
E o novo é o reflexo do começar.
Quero o livro encharcado
A tela em pinceladas vivas,
A musica com cascatas de chorar,
Quero tudo,
A verdade , a sabedoria e a ignorância para
Esquecer a dor da sina e seu absurdo , 
Quero a virtude da filosofia, 
Que ama , que quer, 
Mesmo sabendo que não consiga.
Quero o impossível!! 

T.V.V

terça-feira, 12 de julho de 2016

Paixão Cadente 



Ali esta no céu estanho
Emaranhado com meu sonho,
Uma nebulosa purpura
Que recebo de teu olhar.
Sem mapa astral ou astronomia,
Sem a exatidão que desfia
O encanto . há no teu universo
A estrela mais pura,
Manto fantasioso que deixa submerso
Meus olhos , curiosos neste brilhar.

Mas no céu  efêmero
Esta tão perto e tão distante,
E o brilho cadente,  pulsante,
Pode ser de tal que não vem  mais iluminar.

Estrela! pode estar morta,
Ou ser ilusão de minha verdade.
Pode ser loucura , miragem
difusa imagem.  
Mas... me lembro dos teus olhos,
E quão verdadeiros estão
Na constelação da saudade.

T.V.V

 Hipocondríaca do Desespero 


Me deem ar... dei- me ar,
Mas ... dei-me ar , mas estou...
dei-me ... por favo,
Estou sufocado,
Estou abafado, preciso...
Pre...respirar !
Dai-me puro ar, dai...mon... , montila
Para rum..rumar .
Estou sóbrio, não con... sigo respir..arrr!!!

Dei-me ar, mas
Ainda tem o sufocar.
Tem a... falta,
Que faz meu peito se impressionar,

Tem o moinho
Espiral de vertigem no pulmão,
Que em corrente de desejo,
Fura...furacão.

Deem-me os ventos,
As bebidas , as mazelas ,
Um tufão de expirar... , ação
De sequelas do mar
Que me banho. Estranho,
Vou-me afo..gar! dei-me ar,
Entre correntes do mundo
Que aspiro,sem suspiro , sem pausa.

Dei-me ar , mas quando
No oxigênio ,à vida,
Darei-me o respirar.

Dare air.

T.V.V


sábado, 9 de julho de 2016

Nova Geração


perdi minhas digitais
chamuscadas pelo calor do momento
dos ideais.
feito de chamas intensas
escondida na despensa
em faíscas  ancestrais.

cada ser um homem próprio, isento
do domínio da natureza que lhe faz,
hoje espreguiçam-se na minha presença
perecíveis figuras atemporais,
surgindo na despensa de faíscas ancestrais

com lamentos imutáveis , de formas
desiguais,
são incalculáveis aporias,
      Meu dedo ardia
nas chamas primordiais.
  Perdi minhas digitais...

nas chamas dos ancestrais
queimaram-se a porta do delírio fugaz,
a cadeira erma que traz
a curvatura dos seres atrás

perdi minhas digitais.

T.V.V


quinta-feira, 7 de julho de 2016

MUSA


Tu és tão minha
E ao mesmo nada,
Tão sozinha,
Tão calada.

Tão desperta , transparente.
Tão secreta , abrangente.

Mas teu beijo possuo 
Em sonhos reais, tua presença
De sussurros surreais,
Sentenças que diluo.

Tão voluptuosa , corada.
Tão charmosa, florada.

Mas o que tu és se não minha?
Pois ninguém vê como a vejo 
O que tu és se não minha.
Meu leito no fraquejo.

Tão distante , idade.
Tão cortante, saudade

Digo , omito que te tenho,
És filha do que mais provenho!
Tal cipreste , ninguém nunca obtinha
Não te possuo, mas tu és tão minha!

T.V.V

Telescópio


Deslocado!

Meu corpo esta deslocado         n'alma 
Em contra-polos, ondulante na linha
Finita do horizonte inventado , sobre o mapa 
Cartográfico , latifúndios despossados
Que tanto faço dono , que tanto faço minha,
A natureza desse espaço natural 
Que não me pertence , enquanto sou parte.

A geografia de meu estado é de ária árida:
Cantos secos de extremos 
Desertos , ermos serenos torrentes.

Na rota,
Não sigo os pontos cardeais purpurados,
Ou o óctuplo da nau nobre.
Sigo a viajem torpe , com a bussola 
Sem ponteiro , movida a forças magnéticas
De um pulsar ... 
                     
                           No meu céu , 
Infinito ,cheio de querer ,
Inquieto , e estrelado,
constelações são mapas que      querem 
ser deslocados.

T.V.V